Fernado Pessoa com Pessoas

Eu vi Pessoa na noite silenciosa
Cobrir-me com palavras
de dor , vazio e amor
senti me ansiosa.
Fui a janela espreitei uma estrela lacrimosa.
Uma lágrima cintilante
penetrou em meu quarto e deixou minha mente mais brilhante.
Meu ser então ficou radiante.
Tomei a caneta e papel;
O amor chorou
a dor
daquele vazio
que Pessoa deixou.
E eu encolhi, tal qual feto no ventre materno
sem compreender aquele sentimento terno
que Pessoa teve pelas pessoas.
E nessas pessoas
Pessoa criou poetas
Sem dor,
Sem vazio
Sem estrelas
Sem Lua
Sem sol
Mas deixou a metafísica explicita
na natureza das coisas
sobre coisas infindas
vindas
D’ alma,
Que na calma da noite
aflora acácias
espalhadas ao chão e num quarto qualquer uma donzela a contemplar:
Por exemplo:
Antonio, Maria, Isabel e João
e tantos outros que aqui estão;
Na Arcada, No Martinho, No Terraço!
Ah! Pessoa que fizeste aos Lusitanos?
Deixaste o legado das palavras
a dançar no papel para homenagear
Teu nascer;
Teu viver;
Teu morrer;
Teu renascer!!!
by Zeldi Isabel Lemos 09/2011









































Sunday 17 October 2010

Talhe


O talhe lívido espaldado,
sob a cabeça
opulentas madeixas
roçaga num movimento mistificado.
A pele tal qual cambraia
cingida por borlas de torçais
embebeu-se dos eflúvios do amor.
Agora marmoriza-se e,
os olhos maviosos
penetram zelosos
esse talhe escarnecido.
Na soledade misérrima
tal desventura qual o ermo
encontra a nuvem branda
no amor que morre.

Tuesday 28 September 2010

Fragmento de Mim


Éramos três. eu , tu e ele.
De nós duas as melhores partes com ele ficou.
E eu e tu , agora a conversar
ele não se importou.
Somos as duas assim
aos farrapos e
de rastos
neste mundo nefasto.
de mim só há os frangalhos
e de ti tudo espalhado.
Outrora éramos inteira
agora,
aos olhos do mundo somente os retalhos.
Somos fragmentos
em constante lamento
neste rebento
diante o mal tratamento.
Ele se importa?
Não ! tão pouco tem consciência
da maledicência que causou
as duas almas em carência.
Quem foi ele?
Apenas alguém que transformou
duas almas em framento.

Monday 26 July 2010

Um cancro

Naquele leito um corpo inerte,
da boca só alguns balbúcios
à procura
da luz e do juizo que perdeu.
Presa àquela vida, a mente a descer,
num crescente alvoroço
que por dentro povoa imagens
numa condição humana de solidão.
Falta o brilho nos olhos,
muram as ausências,
num perfil perdido.
Tecer e destecer a teia da sanidade
é a esperança em uma deserta ilha
dessas humanas criaturas.

Um Acróstico

Realide que me foge.
Uma espécie de Jano sobreposto.
Inocente!
Belo!
Acabado!
Rio sem nascente, mas é o
Recurso que tenho e
O limite dos meus encantamentos.
Ser humano?! Só em raros momentos!

Wednesday 14 April 2010

Pupilo

Se adentro e não encontro
aquele sorriso
que é minha força
daí
os movimentos tornan-se lentos.
E num esforço violento
meus ouvidos
procuram os sons.
Só o silêncio.
Ah! O fluido desse sorriso
que emanas
e me deixa
insana, e
meus olhos
na pálida cor do ambiente
procura o brilho
da tua presença.

Humano

O oficio de ser.
Parecer?
Talvez.
mórbida noite
os sons abafados
pela nota do silêncio
imposto pela instância.
Dada a circunstâncias,
o que é ser?
Um parecer
apenas!
Nao se sabe.
E quem quer saber?
a Humanidade?
Não!
Só eu!

Tuesday 13 April 2010

Féretro

Rastejo!
Rastejas!
Este espaço ingrato
que insiste em existir
nao deixa nada fluir!
Corroboro!
Corroboras!
o vácuo
remete
àquele silêncio
que cala a voz dos cândidos.
Movimento-me!
Me movimenta!
A inércia leva à escuridão
o obscuro
leva à solidão.
Um grito sufocado
desse sentimento!
A caixa!
Encaixa?
o corpo retorce
num enlace,
movimenta-me e
que te movimenta.
Ai! Esse rebento!

Doce?

palavras voam sob o vento
nas mãos as rosas
são para mim?
Não!
oh! Doce ilusão!
Que arrasa, devasta e transforma
tudo dentro de mim.
Sangra! E é purpureo,
negritude sobre a pálida superfície
e vai pelas entranhas.
Sou estranha!
Não existo
tão pouco coexisto...
Em meio a imensa massa,
que multidão!
Sou tão pequena.
Segura minha mão
doce ilusão.

Sunday 21 March 2010

Companhia

Sentei-me ao lado da árvore
mirrada e
soprei o vento da vida
deixei a luz
penetrar toda a seiva
para em Maio as flores
desabrocharem e exalar
O perfume.
Agora
quero partir
para outra árvore
a suavidade do balançar das folhas
poder ver
e saber
que fui eu quem
contribuiu
para mais uma vida
Deixe-me ir!

Friday 19 March 2010

Meu corpo é uma gaiola


A casa que vejo é cheia de móveis que não quero mais, mas não consigo desfazer me desses, pois cada um com sua historia. Ora - umas que me são caras - ora outras que custaram tão caro. As vezes, mudo os móveis de lugar para ver se as histórias embaralham, e eu penso que assim elas não me atrapalham; elas estão muito bem encaixadas. Sei que foste tu que as fizeste assim.
Creio que sabias que eu não poderia jamais desorganizá-las, bem como, também, sabias que, nunca, delas eu me livraria. Elas estão aqui.
É bem verdade que foste muito inteligente, e eu termino por admirar-te por ter tido tamanha astúcia em dispô-las dessa forma. Um dos moveis, aquela estante, cuja muitas vezes, eu com o pano do pó, movimentava meu corpo freneticamente, para lá e para cá, e tu a observar-me. Ah! Lembro me bem disso. Os movimentos eram delicados;
-Tu me achavas delicada -, e dizias - : que as curvas de meu corpo parecia embalar ao som de uma melodia, parecia até que o silêncio cantava só para eu contorcer-me e isso era a melhor paisagem que teus olhos já haviam apreciado.
Eu penso que você criou cada história que cá dentro está, pois eu não tenho historias minhas mais. Não há vestígio algum de minha existência antes de ti. Eu até tento buscar, mas só há tu, nada mais que tu. Como pode ter sido tão magnânimo mais que Deus, se é que existe um Deus, pois, depois de ti não houve mais Deus nem Diabo, só tu. Sento me àquela poltrona, em pele, arquitectada o suficiente para que os braços de qualquer ser que ali posem estejam bem confortáveis.
Olho ao redor, o estado em que me encontro – inerte - , de repente ouço seus passos, meu coração bate num frenesi que mal me aguento para controlar a respiração. Mas essa quimera logo se desfaz, e a realidade vem. Respiro fundo, volto a ajeitar outro móvel. Ah! Esse é aquele que fomos no antigo armazém da baixa comprar, ainda não havia pegado fogo. Tu não querias, pois achavas dispensável e eu a fazer beicinhos, então tu não resistias e, terminaste por comprar. Era estranho porque tu sempre estavas a satisfazer-me, e por outro lado essa tua atitude incomodava-me. Talvez gostava de receber um não, mas tu, mesmo contrariado, cedia aos meus caprichos.
De modo que essas mobílias todas cá dentro aperta-me o coração. Eu não as quero mais, mas elas estão presas a mim nessa gaiola. A cada grade que corro os dedos sinto que elas são frágeis e não com muita força eu poderia as romper. Ora quero, ora não. Porque há uma liberdade que almejo, no entanto não sei como lidar com ela, então, um outro lado meu não tem coragem de rompê-las.
Ah! Tenho arrastado esses móveis por muitos anos.

Monday 8 March 2010

Indivíduo


A sabedoria encontra-se em forma de germe em todos indivíduos aguardando factores que lhes propiciem a exteriorização para se transformarem em atitudes. O indivíduo pode ser comparado a uma árvore. As suas raízes de sustentação e nutrição fincadas no solo são o seu passado histórico; o tronco é a existência actual; os galhos e as folhas são as suas atitudes presentes; as flores e os frutos serão seu futuro. Se as raízes permanecem em solo árido ou pantanoso, infértil ou pedregoso a falta da seiva extermina a árvore, mesmo que o ar generoso e a chuva contribuam para a sua preservação. Portanto, somente por meio da correcção da terra e da sua adubação é que as energias vitais lhe correrão por toda a estrutura levando à fluorescência e à frutificação. Caso contrário, mesmo que a árvore consiga desenvolver-se haverá um crescimento incompleto, frágil, e a produção mirrada. É a perseverança e os estímulos que desenvolvem um trabalho contínuo à busca de um equilíbrio no indivíduo. Existem inúmeros exemplos de perseverança na história dos génios no meio literário e científico. Os grandes vitoriosos lutaram com tenacidade para romper os limites, os problemas, os desafios. Nao nasceram fortes, mas investiram na ação que objectivavam o tempo todo e tornaram-se vigorosos. O poeta inglês, John Milton, ao tornar-se cego prosseguiu escrevendo excelentes poemas, ao invés de lamentar-se; os músicos: Bethoven continuou compondo, e com mais beleza, após a surdez total; Chopin, tuberculoso, deu seguimento às músicas ricas de ternura, entre crises de "hemoptises" e, Mozart na miséria, sofrendo competições ultrizes traduziu para os ouvidos humanos as mais belas melodias; Epiteto escravo e doente, filosofava, numa atitude estóica e Demóstenes, gago, recorreu a seixos da praia, colocando-os sobre a língua, para corrigir a dicção. Esses são exemplos de que estimulos e perseverança são fontes de energia para um indivíduo na sociedade. Os gênios existem, só precisam ser descobertos e trabalhados.

Saturday 13 February 2010

Aborto

Eu que na terra queria pisar
e tu não deixaste.
Eu que a brisa do mar queria comtemplar
e tu não permitiste.
Eu que meu coração queria abrir
e tu não deixaste.
Eu queria correr pelos campos,
os sofrimentos da vida
contigo queria compartilhar
e que de ti queria gostar.
Eu que ao mundo queria vir
e que queria viver
e tu não permitiste.
Hoje choras
porque de teu mundo
não me deixaste participar.

Incapacidade

Sento me à maquina
meus dedos dedilham
as palavras olham me
assustadas
Então? para onde queres que vamos?
Eu dedilho
sai um coração,
uma solidão,
tento fazer um refrão,
não sai e
uma palavra cai.
Outra entra,
uma fila de verbos,
adjectivos,
substantivos,
ah são tantas reticências!
Pontos e interrogações.
O mundo grita por paz...
e eu tão incapaz..
As letras não movimetam
e eu fomento
os dedos;
pois bem
vem lá
um a
um m
um o
um r
é isso ...não mais que isso...
Todos poetas sentem.

Tercetos

A minha vida corre por um fio como tudo que é vivo,
mas nunca irei me cansar
do amor que me dás todas os dias.

Tropeço em bilhões de pessoas no mundo
sinto me bem pequena, isso lá é verdade,
mas és tu quem amo mais.

Sinto me aquecida pelo fogo do teu amor todos as noites
não sou mentirosa!
Acredite no que digo.

Do universo observável milhões de estrelas posso ver
eu suponho, não posso dizer que é verdade
mas é contigo que quero viver

Existem seixos mil na praia
é impossível negar
assim como o fato de que irei sempre te amar.

Saturday 6 February 2010

Solimar

Eu não pensaria
que tua aparência
me deixaria em tal eloquência
e meu peito a ficar em euforia.
Sol e Mar!...
há esperança que dentro de teu peito
a ferida cicatrizar-se-á e
uma doutrina em teu ser envoltar-se-á.
Ah! Brilhar-se-á estrelas,
em teus olhos negros uma luz ascender-se-á,
teu corpo deslizar-se-á em uma cachoeira,
teus cabelos voará ao embalo do vento e
teu coração feliz, então, sentir-se-á.
Aí no imtimo de teu ser
crescerá uma apaixão tao quente
que palavras cabíveis para expressar não haverá.
A lua sorrirá a tal eloquente paixão,
os passaros cantará tal melodia aos teus ouvidos
e o amor em teu coração bem devagarinho chegará.

Paixão

Nunca senti vazios,
mas surprendo-me ter algo
transbordante,
é o fogo faceiro de um coração amante.
Nunca senti arrepios,
mas quando te vejo
minh'alma estremece,
é o fogo faceiro de teu coração que me aquece.
Nunca senti tantos sussurros
mas no sono
ouço teus murmúrios.

Marias

Pureza inatingível
um calor incrível
os corações sentem.
Maria dos outros
e nunca minha...
Maria do mar,
das estrelas,
das montanhas,
da vida que passou
e deixou
marcas nos corações
e em tempo nenhum
ninguém encontrou.

Vanda

Pureza entre tantas tristezas
a tal modo que
o teu encanto e tua beleza
espalha tanta nobreza.
Nas palavras, no andar
é tanta delicadeza
que a cada movimento
uma pluma a voar.
Anda, anda, anda
Vanda…
Pureza, nobreza e delicadeza.
No teu existir;
Em teus intentos;
No teu construir.

Thursday 21 January 2010

As Palavras

As memorias da infância,
os passos nas pedras,
o vestido vermelho,
o cabelo trançado.
O rosto sujo, a lágrima
o sorriso maroto
a brincadeira de família.
A família composta
o lugar à mesa guardado do filho ausente
e presente no pensamento.
Ah! Palavras que ferem, que regozijam.
Ah! São tantos escritos.
Caracteres que faz o carácter
do jovem e do evento
que o vento sopra à terra,
ao mar e nada pelas ondas.
Chega aos sussurros
aos ouvidos dos que esperam
zéfiros das boas vindas.
Murmúrios que respeitam,
ora não e
arrasta uma multidão,
numa marcha frenética e
ao abismo vai lá a solidão.
Entidade perversa,
há também quem diga amém
às palavras subscritas pelos magistrais.
Privilegio dos literatos
os que jogam os dados
e deixam os infortunados
à deriva na ignorância
a viver uma ânsia.

Wednesday 20 January 2010

Tu



Conhecer-te foi como ver uma flor nascer
e depois de crescida, não há quem não a percebesse
em meio a todas as outras,
Conhecer-te foi viver novamente,
sorri na aurora
transbordei alegria
contemplei as estrelas de noite
e o sol de dia.
Conhecer-te vi somente a verdade
nunca desconfiei de nada
vi no feio tudo belo
das desgraças fiz um céu aberto
onde os anjos tocavam as trombetas anunciando
minha felicidade.
Conhecer-te, não sofro
o azul ficou mais bonito e jamais me entristeço.
Conhecer-te estou sempre a sorrir,
mesmo tu estando longe
nunca me sinto sozinha.
Conhecer-te foi uma bênção
que meu coração sentiu
e te esquecer
jamais irei conseguir .

De um olhar



Um olhar sempre diz mais
quanto mais quer se falar…
Onde estão os escritos?
os ditos?
Os Beneditos espalham-se
Confinam -se nos afluentes
Entes enigmáticos;
Os lunáticos sobreviverão,
à tanta loucura.
São mágicos os momentos
de existir ou sobreviver
nos nossos próprios passos
porque nossos rastros
deixaram e deixarão nossos sentidos
e sentimentos.
Dá-se ao espaço analisar.
contudo sempre nos afastamos
numa imaginação das estrelas
a brilhar no alto
e nos tocar; a nos fluir: nos guiando
numa loucura lunática.
Nos rastros da nossa consciência
eu sei existe uma ânsia
uma envolvência suave
numa clave de sol, simples,
antes do por do sol
no atol dos sentimentos justos,
sem custas a debitar.
No ar das rosas a exalar
Fluidos muitos, fluidos poucos
como são puros os momentos.
os movimentos sedimentados no amor
no calor de sermos sinceros, veros
no caminho vizinho de quaisquer corações!
Nossas mentes são e serão eternas
do principio ao fim
mostrando que nos fomos
que somos e seremos sempre
um espírito eterno;
Terno como queremos ser
Em todas
Numas assim,
Como?
Abreviar o murmúrio dos mares
com suas ondas trepidantes
amainar o som das estrelas
com suas luzes densificantes
fazer amor como antes
no paraíso das cruzes purificantes!

Eu Posso Partiicipar

No passo de cada um
um ente a engolfar.

O destino, hino de fábula

uma rumba a dançar

o par de dados, o jogo

do qual jamais posso participar.

Pois o amor

que em mim há

nãso posso em jogo por mim transar

pois, o que há dentro do jogo

não pode se dissipar

Ah! O ar! Este ar

que me envolve

nas fusões, não funções.

Nas ações de cada momento

a nos tirar o sono;

sono que deste

não quero acordar

mesmo que deixe marcas

pois, o privilégio

que tenho em te amar

ao acordar

não poderei suportar.

O ar que sufoca

existe uma matraca

na consciência das pesssoas

atoas,rir de quaisquer.

Só sei que quero

em meio às pessoas

a câncticos, a purezas

o infinito de saber amar.

O ar, o pequeno espaço

o traço, a palavra, o dizer!- Amo-te